Você já ouviu falar em cerveja crua ou raw ale? Se não já pega essa dica que tem cervejaria mineira testando a ideia!
Raw ale são cervejas feitas sem que o mosto atinja a temperatura de fervura, ou como descreve Lars M. Garshol (um grande pesquisador sobre farmhouse ales): "Por mais estranho que possa parecer, a cerveja crua é um conceito confuso, porque não há linha acurada dividindo cerveja crua da cerveja fervida. Às vezes as pessoas fervem apenas 1/6 do mosto. É então cerveja crua? A cerveja normal é fervida por pelo menos uma hora, mas a cerveja da fazenda pode ser fervida por 2 minutos. É então realmente cerveja fervida?”
É uma técnica antiga (alguns dizem da Idade Média) que está associada a países nórdicos. Assim como qualquer outra técnica de produção haverão impactos finais na cerveja. Como essa foi a primeira cerveja que provei com esta ideia não vou me atrever a fazer grandes colocações sobre os impactos sensoriais.
Além de utilizar a técnica raw ale esta cerveja também usa leveduras da região da Noruega, as famosas Kveik, que são uma mistura de leveduras usadas para produção de cervejas de fazenda/farmhouse ales. As Kveiks são bem lokonas e dizem que elas fermentam mais rápido que leveduras normais, vão tranqs até uns 43ºC (lagers geralmente são 8-16ºC e ales 14-25ºC) sem originar defeitos/off-flavors e produzem notas lembrando frutas tropicais.
A cervejaria mineira Viela tá com uma linha de cervejas chamada Norueguesa onde são testadas diferentes Kveiks e processos de produção. Essa que provei é a #3, a base é apenas de malte Pilsen, levedura é a Voss Kveik, da Lallemand e Columbus de lúpulo.
O que eu achei? Muito boa! Super aromática com notas frutadas que lembram muito manga e melão. A manga veio logo de cara mas com um perfil de manga ainda não tão madura, meio de vez sabe?! E depois me veio uma fruta verde… meio doce, bem suculenta… pelejei até que depois de uns goles (e resgates nos fichários da memória) me veio o melão... Muito melão! Seguindo com suave uva branca e pera. Enfim… frutadona ela! Horas depois de terminar de beber ainda sinto o aroma das frutas na latinha. O malte aparece em segundo plano, suave e como miolo de pão. Clarinha, ligeiramente turva e sem muita retenção de espuma. Tem dulçor médio baixo e amargor baixo, final seco e retrogosto frutado. É bem levinha de corpo e bem carbonatada. Praticamente sumiu do copo… tenho a impressão que dei 3 goles e ela acabou… assim, sumiu. Cadê?… volta!
A cervejaria Viela não envasa, vendem só chope mas né mores... Coronga. Criaram as latas da sorte pra ver se a gente "vira a sorte" e, para trazer uma mensagem de votos de esperança de que isso tudo passe logo. O rótulo é bem legal e vira tipo um cartaz explicando o fechamento do bar e desejando sorte a todos nesse período trevas. Não sei dizer se tão vendendo fora de BeloriHills mas vale a pena incomodar pra saber. No mais deixo meu abraço ao João Gusmão e equipe. Achei toda ideia demais e to curiosa pra provar as próximas!
Se você é da produção e curte técnicas históricas ou tá testando kveik fica a dica de dar um rolezinho pelo blog do Lars ou no canal do Youtube do Jamal que recentemente fez vários vídeos sobre kveik. Ah... esse texto do Brew Your Own também é super recomendável!
Fin!
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